Quando o sol se despede, as sombras se alongam,
Desenhando no chão histórias que não se prolongam.
O entardecer é um breve momento,
Onde o dia e a noite dividem o firmamento.
As cores que se espalham são de uma calma urgente,
Um lembrete que tudo passa, mas nada é ausente.
E enquanto as sombras dançam em despedida,
O coração encontra na transição a vida. Boa noite.
As ondas quebram como vozes de um passado,
Trazendo segredos do mar nunca calado.
Cada movimento é um grito de liberdade,
Cada espuma é a memória de uma saudade.
O mar nunca dorme, ele sempre fala,
Em línguas que o vento suavemente embala.
E na areia, onde a onda se desfaz,
Está a prova de que tudo volta ao seu cais. Boa noite.
Ergue-se sozinha, imponente no vazio,
Guardando o campo num abraço macio.
Suas raízes mergulham onde ninguém vê,
Enquanto seus galhos tocam o céu ao anoitecer.
Não é solidão o que a árvore conhece,
Mas a força de quem no silêncio se enriquece.
Ela é testemunha de dias e eras,
Uma guardiã viva de memórias sinceras. Boa noite.
Cada dobradiça canta uma melodia enferrujada,
E a madeira range como uma alma cansada.
A porta guarda mundos que ninguém viu,
E histórias que o tempo ali construiu.
Abrir ou fechar não é apenas um ato,
Mas uma escolha que muda o contrato.
Pois a porta velha é mais do que passagem,
É um portal que guarda a própria viagem. Boa noite.
Entre prédios e ruas, o vento se perde,
Sussurrando segredos numa pressa que cede.
Ele dança em becos, faz folhas girarem,
E carrega consigo o que as vozes não falarem.
No concreto, ele encontra resistência,
Mas segue, insistente, com sua presença.
O vento não pertence ao lugar ou ao tempo,
É livre, como a própria ideia de movimento. Boa noite.
A cada passo, a marca se forma e se vai,
Levando memórias que o mar logo trai.
As pegadas na areia não pedem duração,
Elas apenas são ecos de uma intenção.
Enquanto a água apaga o que foi deixado,
Surge a chance de um novo traçado.
E no ciclo constante entre ida e vinda,
Está a essência de uma vida ainda. Boa noite.
O som do martelo no ferro ecoa forte,
Criando formas que desafiam a sorte.
O calor do fogo molda o que é bruto,
Transformando em arte o que antes era luto.
O ferreiro conhece o peso de sua criação,
Pois em cada golpe há mais que precisão.
É a dança entre o caos e o controle total,
Que transforma o ordinário no essencial. Boa noite.
Os ponteiros giram em ritmo constante,
Como quem dança ao compasso do instante.
O relógio não se importa com a pressa do dia,
Ele apenas segue, sem nostalgia.
Na parede antiga, ele é testemunha muda,
De risos, lágrimas e da rotina que muda.
E mesmo que seus ponteiros um dia parem,
O tempo que ele marcou sempre será alarde. Boa noite.
Entre paredes frias e chão de pedra,
O túnel é um mistério que se envereda.
Sem luz à frente, apenas passos ecoam,
E os corações na escuridão mal se perdoam.
Mas cada passo é coragem de quem avança,
De quem crê que o fim trará esperança.
Pois no túnel, o escuro não é só ausência,
É também promessa de uma nova presença. Boa noite.
Há uma pureza no som que ecoa,
Um riso que o mundo inteiro abençoa.
É a prova de que o novo sempre renasce,
E que a vida, mesmo dura, ainda se refaz.
A criança não sabe da força que carrega,
Mas em seu riso, todo peso se entrega.
E quem ouve esse som tão genuíno,
Descobre que o simples é sempre divino. Boa noite.