Quem passa e olha vê apenas ruínas,
Mas aqueles que sentem percebem a lição:
A beleza é eterna, mesmo quando esquecida,
Florescendo em cada rachadura do chão. Boa noite.
A maré sobe, lenta e constante,
Beija as rochas com um toque hesitante,
E depois recua, deixando seu rastro,
Marcas efêmeras no imenso espaço.
Na solidão, somos como o oceano,
Mudamos de humor como ondas em movimento,
Ora calmos, refletindo o céu azul,
Ora tempestuosos, perdendo o controle do momento.
A areia, moldada por cada chegada,
Aceita o destino sem resistência,
Assim como o coração se entrega ao tempo,
Carregando cicatrizes de sua existência.
Mas há beleza na solidão das marés,
Nos seus fluxos que não param de mudar,
E na certeza de que, mesmo sozinhos,
Fazemos parte de algo maior a navegar. Boa noite.
Os ventos correm, livres e selvagens,
Carregando segredos de terras distantes,
Fazem dançar as folhas das árvores,
E sussurram histórias entre as montanhas.
No campo, tocam o rosto de quem sonha,
Na cidade, movem papéis abandonados,
E no deserto, esculpem dunas douradas,
Obras de arte que o tempo logo apaga.
São viajantes sem destino ou repouso,
Guiados apenas pelo impulso do existir,
Cantam sua melodia eterna e sem palavras,
Uma sinfonia que nunca irá se extinguir.
Se fecharmos os olhos e ouvirmos atentos,
Podemos sentir o peso de suas jornadas,
E descobrir que o vento não apenas passa,
Mas nos conecta a tudo que já foi e será. Boa noite.
Há uma ponte que corta o vazio,
Unindo margens que antes se evitavam,
De madeira antiga, rangendo sob os pés,
Ela guarda passos e histórias que se cruzavam.
Sob ela, o rio segue seu curso,
Carregando consigo o ontem e o hoje,
Enquanto acima, os viajantes hesitam,
Entre o ir, o ficar e o que se foi.
A ponte é mais do que estrutura e madeira,
É um símbolo de escolhas e caminhos,
De travessias feitas entre a dúvida e a coragem,
De encontros que começam com passos tímidos.
E assim como o rio segue e a ponte permanece,
A vida nos pede para atravessar,
Pois do outro lado há sempre algo esperando,
Mesmo que não saibamos o que vamos encontrar. Boa noite.
Sob o manto da noite, a floresta desperta,
Suas vozes ecoam em um coral misterioso,
Grilos cantam, corujas observam,
E as folhas sussurram segredos preciosos.
O luar filtra-se entre os galhos altos,
Criando sombras que dançam no chão,
Enquanto o farfalhar de passos distantes,
Faz o coração bater em um ritmo vão.
Não há pressa na floresta noturna,
Seu tempo é medido pelo canto dos ventos,
E cada criatura segue seu papel,
Na peça que é a vida em seus momentos.
Para os olhos atentos, há beleza infinita,
Nas luzes das estrelas refletidas no lago,
E na certeza de que a noite na floresta,
É um lembrete de que tudo tem seu fado. Boa noite.
As folhas caem em um balé dourado,
Dançando ao som do vento suave,
O outono pinta o mundo em tons quentes,
Mesmo quando o ar começa a ser grave.
Cada folha que toca o chão é um adeus,
Mas também uma promessa de recomeço,
Pois sob a terra, a vida se prepara,
Para brotar de novo, em outro contexto.
Há algo melancólico em sua beleza,
Uma lembrança de que tudo é passageiro,
E que, assim como as folhas deixam as árvores,
Nós também somos parte desse ciclo inteiro.
Mas no coração do outono há esperança,
De que as cores voltam, ainda mais vivas,
E que cada despedida, por mais dura,
É apenas o prelúdio de novas perspectivas. Boa noite.