Boa Noite

No Saara, sou vento que molda o terreno,
Esculpo as dunas com paciência e rigor.
Carrego grãos de areia por léguas de deserto,
Transformo paisagens, traço meu labor.

Atravesso caravanas, disperso pegadas,
Espreito tendas sob o céu abrasador.
Ouço murmúrios de quem busca abrigo,
Contra o calor do dia e a noite de frio rigor.

Levo comigo as marcas do tempo,
Cicatrizes do chão que nunca se firmou.
Em cada rajada, conto histórias de passos,
Que cruzam o vazio onde a vida lutou.

Sou mais que um sopro, sou persistência,
Um viajante eterno, sem direção.
No Saara, minha força não é mistério,
É trabalho contínuo, esculpindo a solidão. Boa noite.

Nos campos largos, sem fim ao olhar,
Deslizo suave, entre o céu e o chão.
Abraço o gado, balanço os trigais,
E assobio canções da tradição.

Testemunhei a lida do homem do campo,
O tropeiro seguindo sua longa missão.
Levo nas asas o cheiro da terra,
E o som do mate na palma da mão.

Às vezes me lanço com força bravia,
Carrego as chuvas, trovoadas no ar.
Mas sou também calma que refresca a pele,
E acalma quem vê o pôr do sol findar.

Os pampas me têm como parte da vida,
Sopro contínuo, de inverno a verão.
Sou o vento que canta histórias antigas,
E nunca esquece sua conexão. Boa noite.

Nos picos gelados, acima do mundo,
Sopro gelado, cortante, real.
Faço o ar rarefeito parecer mais denso,
Carrego em mim a força glacial.

Desço entre mosteiros, toco as bandeiras,
Que tremulam orações em seu ritual.
Testemunho alpinistas que buscam alturas,
Lutando por cada passo no abismo total.

Não sou gentil, mas não sou cruel,
Sou o teste que desafia o coração.
E na montanha, quando tudo é silêncio,
Minha voz é tudo o que há na imensidão. Boa noite.

Na costa ensolarada, onde o mar beija a terra,
Sopro leve e constante, trazendo o sal.
Acaricio coqueiros que dançam ao ritmo,
De ondas que quebram no calor tropical.

Carrego as risadas de crianças no banho,
E o cheiro de peixe que vem do arrastão.
Sou aliado dos barcos que se lançam ao mar,
Empurrando as velas na direção do sertão.

Nos fins de tarde, trago alívio à pele,
De quem trabalhou sob o sol abrasador.
Sou vento que canta histórias do litoral,
E eterniza memórias de areia e amor. Boa noite.

Corro livre nas vastas estepes,
Onde o horizonte parece sem fim.
Carrego comigo o pó da terra,
E o som das rodas de um trem sem jardim.

Ouço pastores guiando ovelhas,
E cavalos que correm como trovão.
Sou testemunha de uma terra vasta,
Onde o silêncio ecoa com precisão.

Sou o vento que gela no inverno,
E aquece a relva ao chegar o verão.
Minha força é rude, mas sou memória,
Das raízes profundas dessa região. Boa noite.

Entre arranha-céus, sou sopro apressado,
Carrego vozes, sirenes e pressa.
Cruzo esquinas onde o mundo se encontra,
E onde a vida nunca cessa.

Empurro jornais que dançam no asfalto,
E refresco quem caminha sob o calor.
Nas noites geladas, sou açoite severo,
Cortando a pele com vigor.

Aqui sou parte da história moderna,
Ecoando passos em um mundo veloz.
Sou o vento que, mesmo entre concreto,
Ainda encontra espaço para erguer sua voz. Boa noite.

Nos campos brancos, sou gélido e puro,
Atravesso geleiras, faço o mundo estremecer.
Levo comigo o grito das focas,
E o rastro de ursos a desaparecer.

Faço o silêncio ser quase um canto,
Entre auroras que dançam no céu polar.
Não sou brisa que toca com calma,
Sou força que ensina a se adaptar.

Aqui, conto histórias de resistência,
De povos que vivem na adversidade.
Sou o vento que corta, mas sempre lembra,
Que há beleza na simplicidade. Boa noite.

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